sábado, 4 de setembro de 2010

No escuro do meu quarto, ...


... é noite, faz frio, chove lá fora. O turbilhão de movimentos que se faz do lado de fora da janela. As pessoas passando. Os carros. O trânsito. Música. Buzinas de carros. Pessoas trabalhando. Mães pondo os filhos para dormir. Pais assistindo ao noticiário. Pessoas que tem pressa em voltar pra casa. Violência. Assassinato. Gente que faz o bem. Gente que faz o mal. Expectativas. O mundo funcionando como tem que funcionar. E tudo o que me vem à cabeça são pensamentos que não deveriam estar aqui. A solidão. O vazio. A mudança. O diferente. Olho o celular e tudo o que vejo são os minutos passando. A calmaria. Vou até a janela para constatar que existem pessoas lá fora. Fecho a porta do quarto. Preciso ficar sozinha. Surpreendo-me ao lembrar que estou sozinha. Não há necessidade de fechar a porta do quarto. Tudo o que era necessário já foi feito. Tudo está trancado. Não há mais ninguém aqui. Essa solidão não tira meus pensamentos do lugar. Preciso jogá-los fora. A falsa ilusão de que a solidão os tiraria da minha mente. Engano. Tudo mentira. Eles ainda estão aqui. Assombrando-me. Fazendo-me tremer e sentir calafrios. O frio na barriga que vai vindo lentamente. A respiração acelerada. Os pensamentos. Tento me desfazer deles. E tudo o que posso fazer é deitar novamente na cama e me entregar à esses pensamentos ao escuro.

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